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Geógrafos dão explicações sobre relação El Niño e chuvas nesta região

O internauta Elias Araújo Rocha Filho fez um comentário em que manifestou desejo de mais informações sobre a questão de chuvas na região do Oeste Goiano. No rodapé de uma matéria que dizia de chuvas acima da média, nestes últimos dias, ele postou o seguinte:

“Hoje muitos possuem, nas propriedades rurais (e mesmo nas cidades), vários pluviômetros simples, baratos, de plástico, preocupados que estamos todos com o Clima. Daí anotamos diariamente, em pontos diferentes, o volume de chuva no local onde o pluviômetro foi instalado. A conclusão minha (e de muitos que conheço) é a de que houve acentuada escassez de chuvas no Centro Oeste (influência do “La Niña”, pelo que tenho lido) nos anos 2015 e 2016, o que também deve ter contribuído para, na nossa opinião leiga, secar nascentes e diminuir o volume de água nos pequenos mananciais da região em 2017. Agora entramos no período do “El Niño”, mais favorável a chuvas, segundo se anuncia. E temos constatado esse aumento no índice pluviométrico em 2018. Gostaria que o Laboratório de Climatologia do Campus de Iporá da Universidade Estadual de Goiás (UEG) confirmasse ou não, do ponto de vista científico, este consenso entre nós, leigos. Agradeço a atenção”.

Diante disto, geógrafos da UEG manifestam sobre o assunto. Segue relato:

Os Fenômenos El Niño e La Niña e a Influência no Clima de Iporá (GO) e Região

Por – Valdir Specian e Washington Silva Alves
Curso de Geografia – UEG/Câmpus de Iporá

O leitor atento no Jornal Oeste Goiano – Dr. Elias Rocha – fez algumas considerações em virtude da matéria publicada no mesmo jornal no dia 07/11/2018 que tratava do Boletim Climatológico do Laboratório de Climatologia – Curso de Geografia – da Universidade Estadual de Goiás – Câmpus de Iporá. Dr. Elias questionava sobre a participação do fenômeno ENOS na variabilidade da precipitação pluviométrica de Iporá e região. A resposta foi enviada pelo professor Washington via Facebook e agora foi editada e completada com outras informações.

Aos leitores, em geral, é preciso esclarecer que El Niño e La Niña são fenômenos naturais, caracterizado pelo aquecimento desigual das águas do Oceano Pacífico. Esse aquecimento foi constatado por pescadores que perceberam que havia mudanças na quantidade de pescado disponível no mar e que o fenômeno ocorria próximo ao Natal – por isso o nome El Niño – Menino (Jesus). Mais tarde pesquisadores perceberam que o fenômeno altera o clima em toda o planeta, já que a oscilação da temperatura da água na superfície do Oceano Pacífico provoca mudanças nas correntes oceânicas.

Em relação a solicitação do Dr. Elias – questionando sobre a influência do fenômeno ENOS nas chuvas de Iporá – sobretudo o aumento em alguns anos- segue a resposta:

Existem diversos estudos que revelam a influência do fenômeno ENOS (El Niño e La Niña) no padrão das chuvas em diversas regiões do Brasil. Porém, com relação ao Centro-Oeste brasileiro, há poucos estudos de caráter pontual e as conclusões que existem até o momento, é que esse fenômeno citado não exerce influência significativa no padrão das chuvas nesta região. Isso é questionável e em breve, com a finalização da pesquisa do 2º autor (Prof. Washington), essa influência poderá ser de fato elucidada.

Em relação ao exemplo citado – diminuição das chuvas em 2015/2016 e o efeito sobre as nascentes – é fato que neste ano (2016) ocorreu uma diminuição significativa do volume de chuva precipitado nos quatro primeiros meses do ano (registro), mas nestes anos foi registrado para o Brasil a influência de um El Niño (forte), que em geral provoca aumento das chuvas para a Região Sul e Secas no Nordeste brasileiro. Para nós, no Centro Oeste o fenômeno provocou prejuízos nas lavouras, sobretudo do milho safrinha.

É importante salientar, que a falta de água não está vinculada somente a variabilidade da chuva, também deve ser considerado a forma de uso e ocupação das bacias hidrográficas. Podemos considerar o aumento da compactação dos solos prejudica a infiltração de água e, consequentemente a recarga do lençol freático e a manutenção das nascentes. As bacias hidrográficas de nossa região estão a mais de cinco décadas sendo ocupadas por pastagens e agricultura e em muitos casos sem que ocorra preocupação com as condições de solo – manejo.

Ainda em relação ao fenômeno ENOS é possível relacionar o El Niño a alguns anos com chuvas acima da média histórica. Mas, em outros anos, também com registro de El Niño as chuvas em nossa região ficaram abaixo da média histórica (gráfico 1), como no caso de 2015 e 2016. O mesmo ocorre em anos com registro de La Niña. Nossa região parece estar em uma faixa de transição em relação a influência do fenômeno. Por isso, é necessário que nossas pesquisas continuem para revelar mais informações sobre a dinâmica climática e sua relação com o fenômeno ENOS e, também, para contribuir para os diversos setores que necessitam dessas informações meteorológicas em escala local e regional.

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