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História da Assembleia de Deus: 1943, data de chegada ao Oeste Goiano

Na continuidade da publicação do livro QUANDO SAMAMBAIA PEGOU FOGO, feita a cada segunda-feira, vamos ao capítulo em que mostra o cenário da chegada da Igreja na região. Era 1943. Vamos à leitura:

CAPÍTULO 3
O CENÁRIO DAS MARAVILHAS DE DEUS

E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia, e Samaria e até aos confins da terra. E eles, tendo partido, pregaram em toda parte, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra por meio de sinais, que se seguiam. Por isso não podemos deixar de falar das cousas que vimos e ouvimos. (Evangelho Segundo Marcos 16.15 e 20; Atos dos Apóstolos 1.8; 4.20).

Se alguém observar um mapa do Estado de Goiás, não terá dificuldade em localizar o centro-oeste goiano, no passado denominado também de Microrregião do Mato Grosso Goiano, identificado atualmente até nos quadros de previsões meteorológicas dos jornais e telejornais locais. Nas primeiras décadas do século XX, constituía-se um sertão ermo, com um ecossistema quase totalmente preservado, dotado de uma flora e fauna ricas: um recanto ainda pouco desbravado pela ação civilizatória (ou predatória). Foi neste cenário natural bucólico que ocorreram, a partir de 1943, as graciosas e sobrenaturais manifestações do poderoso avivamento derramado pelo Espírito Santo de Deus, que ainda hoje produz incontáveis resultados.

O centro-oeste goiano é uma região de relevo irregular, formado de espigões suaves, morros, montanhas, serras (sendo a do Caiapó e Dourada as mais notáveis), vales e furnas, com uma paisagem ora de cerrados, ora de matas. Nas áreas de cerrados, de solos geralmente pobres, cobertos de capins nativos crespos, recortados por várzeas, veredas de buritis e estirões de brejos de pindaibais, a vegetação se apresentava formada por árvores baixas, cascudas e retorcidas como o pau-terra, boizinho, sucupira-preta, sucupira-branca, milhome, combuquinha, capitão, chapada, paineira imburuçu, etc. Há também uma variedade extraordinária de espécies frutíferas nativas, como pequi, articum (araticum), corriola, mangaba, mamacadela, caju, gabiroba, pitanga, marmelada, tarumã (boca-boa) e muitas outras. Compunham também a paisagem do cerrado as palmeiras indaiá e coquinho-babão, além de algumas espécies de bromélias conhecidas por gravatás e ananás – apenas para citar alguns exemplos da grande variedade de plantas frutíferas desse rico ecossistema, sem descrever ainda incontáveis tipos de flores, de diversos formatos e cores, que enchiam os olhos de encanto na primavera, principalmente após as queimadas tradicionais na região.

Intermediando o cerrado e a floresta densa, ficava a mata de transição, denominada pelo sertanejo de mata seca ou mata beira-campo, com árvores de porte médio, como o carvoeiro, sobro, amescla-aroeira, pau-jacaré, pau-ferro, pombeiro, baru além de moitas de tabocas, cambaúbas e uma infinidade de espécies de cipós – alguns espinhentos como o unha-de-gato e unha-de-gavião – onde ocorriam também as palmeiras babaçu e macaúba.

Dando sequência contínua à mata de transição, contrapondo-se ao cerrado, cobrindo os vales, morros e serras até perder-se de vista, estendia-se a floresta exuberante, geralmente de solo fértil, chão vermelho massa-pé ou preto nas baixadas, rico de espécies frondosas como o pateiro, marinheiro, peroba branca e rosa, jacarandá, aroeira, amoreira, garapa, xixá, angicos branco e preto, grande parte delas “madeiras de lei”. Ocorriam também árvores frutíferas nativas, onde era comum se ver bacupari, saputá, cajazinho, jaracatiá, ingás e as palmeiras jerivá, gueroba (gueriroba ou guariroba) e bacuril (acuri ou bacuri). Mata entremeada ainda por uma abundante vegetação rasteira e de pequeno porte, como samamabaias, caeté, pacová, cana-de-macaco, todas abrigadas sob um emaranhado de cipós moconã, imbé, escada-de-macaco, cipó-dágua, abórora-danta e muitas outras trepadeiras que tornavam o verde mais denso, mal deixando penetrar alguns rasgos de raios do sol na sombra escura e fresca, onde formavam círculos luminosos sobre um grosso tapete de folhas secas. Florestas que se estendiam como um imenso manto verde-escuro estampado no outono pelas flores amarelas e roxas dos ipês, as rosas da paineira barriguda e do cipó-d’agua, as brancas das taipiocas (ipê-branco) e por uma profusão de cores de outras floradas silvestres. Vegetação que representava para os migrantes um certificado de garantia de estarem adquirindo terra de cultura de primeira.

Sertão povoado também por uma fauna abundante e de variadas espécies, onde se podia ver veado mateiro, anta, capivara, porcos do mato, (caititu ou cateto e queixada) macacos prego, guariba (bugio), mico, paca, onça pintada, onça-preta, onça-parda do lombo preto, tatu-peba, tatu-galinha, tatu-canastra; mutuns, jacus, inhumas, pomba-do-bando e barulhentas revoadas de papagaios, periquitos, mulatas, maracanãs e arararas azuis e vermelhas, sem falar das garças de várias cores, das corujas, do corujão e do temido gavião penacho de asas com até dois metros de envergadura, que voava levando cotias, macacos, coelhos e tudo o que suas garras pegassem e atacava até crianças pequenas no caminho da roça. Nessa vastidão verde viviam também várias espécies de cobras: caninana, jibóia, coral, além das venenosas jararaca, jararacuçu, urutu e cascavel, que frequentemente picavam os descuidados, levando-os, muitas vezes, à morte.

Era um mundão encantado de Deus, recortado por uma malha de sinuosos e incontáveis rios, ribeirões e córregos perenes. Dos quais, merecem ser destacados nesse cenário bucólico, em razão da importância geográfica, econômica e histórica que representam para região, os rios Claro e Caiapó. Ambos nascem no Espigão Mestre – o divisor norte-sul das águas do Brasil e formador das bacias hidrográficas do Prata, Tocantins-Araguaia e Amazônica. Suas nascentes ficam distantes cerca de cento e cinquenta quilômetros uma da outra, nas proximidades, respectivamente, das centenárias cidades de Paraúna e Caiapônia, e correm, mais ou menos paralelos, na direção sudeste – noroeste, serpenteando por entre matas e cerrados, com suas corredeiras saltando travessões e formando cachoeiras, até desaguarem no majestoso Araguaia das intermináveis e fascinantes praias de areias brancas. Os leitos forrados de seixos multicoloridos desses dois rios de águas cristalinas e de alguns de seus afluentes, eram (e em parte ainda são) depositários de grande ocorrência de diamantes e ouro de aluvião. Abrigavam também abundantes cardumes de peixes: pacu, matrinchã, caranha, pintado, jaú, papa-terra, rola-pedra, mandi, piau, lambari, cari e muitas outras espécies da fauna aquática amazônica.

As terras desse sertão paradisíaco, as que não eram devolutas (de propriedade do Estado), constituíam os descomunais latifúndios que formavam os domínios “semifeudais” dos “coronéis”: chefes políticos regionais que comandavam a política e as vidas das pessoas, no período da República Velha ou Oligárquica, que perdurou de 1889 a 1930. Neles só trabalhavam seus capangas, apadrinhados e compadres, que moravam de agregados, geralmente nas terras de menor fertilidade, praticando uma agricultura de subsistência e a criação “extensiva” de gado para o patrão nas vastas pastagens naturais dos cerrados. Pois as matas de terra de cultura eram preservadas e rigorosamente vigiadas e se alguém cortasse ali, ainda que fosse uma vara, sem prévia permissão, seria repreendido e poderia até sofrer alguma punição. Não por consciência ecológica, mas em razão de especulação imobiliária, visando bons negócios no futuro, mesmo que distante. Era um mundo de terras cobiçadas pelos agricultores pobres que as “olhavam com os olhos e lambiam com a testa!” (como dizia o ditado do goiano matuto), contentando-se apenas em alimentarem suas fantasias de camponeses sem terra que sonhavam ter um pedacinho de chão para viver, trabalhar, plantar, colher e sustentar com dignidade suas famílias.

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