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A língua de sinais como comunicação eficaz para surdos

Em sua última edição, a revista Impacto Contando Histórias, que circula em Iporá e região, trouxe matéria sobre surdos. É feito um enfoque interessante sobre esse segmento, muitas vezes esquecido.

Segue texto:

No dia 01 de Janeiro de 2019, muitos brasileiros descobriram a Língua Brasileira de Sinais, ou Libras. Poucos sabiam que Libras é a segunda língua oficial do país, reconhecido pela lei 10.436 de 24 de abril de 2002. A divulgação se deu através da primeira-dama Michelle Bolsonaro que engajada com a causa dos surdos, discursou e fez questão de que se transmitisse toda a cerimônia de posse presidencial na língua de sinais.

O último censo realizado pelo IBGE em 2010, apontou que na ocasião havia mais de 10 milhões de surdos no Brasil. Durante muitos anos, essas pessoas foram excluídas da sociedade e os serviços públicos destinados a eles inexistiam, levando-os a um completo isolamento com pouca ou nenhuma comunicação. Muitas vezes, o contato era feito somente no círculo familiar com uma forma de linguagem rústica e limitada criada pelos próprios parentes.

É importante entender a diferença entre surdo e deficiente auditivo. Do ponto de vista clínico, o que difere surdez de deficiência auditiva é a profundidade da perda auditiva. As pessoas que têm perda profunda, e não escutam nada, são surdas. Já as que sofreram uma perda leve ou moderada, e têm parte da audição, são consideradas deficientes auditivas.

Para quem não sabe, a Libras é uma língua (e não uma linguagem) oficial do Brasil e possui estrutura e gramática próprias. Por ser uma língua visuoespacial, ela é muito mais fácil de ser aprendida pelos surdos e por isso é o primeiro idioma da comunidade surda no país. E é aí que entra o aspecto cultural na diferenciação entre surdos e deficientes auditivos. O fator preponderante para a escolha de um ou outro termo é a participação na comunidade surda. As pessoas que fazem parte da comunidade se identificam como surdas, enquanto as que não pertencem a ela são chamadas de deficientes auditivas. Sob essa perspectiva, a profundidade da perda auditiva passa a não ter importância, já que a identidade surda é o que define a questão.

Para os surdos, a surdez não é uma deficiência – é uma outra forma de experimentar o mundo. Mais do que isso, a surdez é uma potencialidade, que abre as portas para uma cultura própria muito rica, que não se identifica pelo que ouve ou não. Na comunidade surda não há “perda auditiva”, mas sim um “ganho surdo”.

E como os surdos dependem da língua de sinais para se comunicar, é essencial que haja acessibilidade em Libras em todos os lugares, desde as escolas até a internet –o que não faz tanta diferença assim paraquem é deficiente auditivo.

E é esta maior disponibilidade de serviços e compreensão da língua que pessoas engajadas com a causa estão buscando.Há relativamente poucos surdos em Iporá. Entre eles, está Jeissy Ellen Cardoso. Aos 02 anos de idade, a professora da creche observou que ela só atendia chamados quando estava de frente. Era uma criança nervosa e chorava muito. Preocupada, a mãe levou a filha no médico em Goiânia, que a aconselhou a colocar aparelho auditivo e fazer terapia. Usou o aparelho por 09 anos e fez terapia com fonoaudióloga por 04. Mas, não havia desenvolvimento e os estudos estavam comprometidos.

Quando entrou no Colégio Aplicação, tudo mudou. Em sua sala havia outro surdo. Sua irmã aprendeu Libras para ajudá-la e Jeissy não só aprendeu como hoje ensina a língua. Concluiu o ensino médio e foi aprovada em dois vestibulares: Letras em Iporá e Pedagogia em Aparecida de Goiânia.  Optou pelo curso de Iporá. Jeissy faz tudo que um ouvinte faz: vai nas lojas, no banco, passeia, tirou carteira de motorista, dá aulas de Libras no Colégio Exato, estuda à noite na UEG e namora outro surdo. Mas, não foi fácil chegar até aqui.

Através da Professora e Intérprete Marisa, uma das mais atuantes em Libras na cidade, Jeissy explica que já sofreu preconceito, zombaria e foi excluída. Na escola ficava sozinha. Então, ela fez uma reunião e explicou para todos como era sua vida. Muitos entenderam. Na faculdade, a situação é melhor com um ambiente mais colaborativo. Na UEG (Universidade Estadual de Goiás), por exemplo, todos os cursos tem disciplina Libras. Seu sonho é se formar, ser aprovada em concurso público e ensinar Libras em ambiente acadêmico.

O trabalho de inclusão dos surdos não é novo. Muitos grupos se esforçam para dar condições iguais de aprendizado. Um grupo conhecido pelo trabalho com a comunidade surda são as Testemunhas de Jeová que começaram a produzir publicações em língua de sinais em 1997. Atualmente, são 713 grupos e congregações em Libras no país e cerca de 2600 surdos participam voluntariamente no trabalho de evangelização.

São produzidas publicações bíblicas em 98 línguas de sinais no mundo, e esse número está constantemente aumentando. Essas publicações estão disponíveis no site oficial, jw.org, disponível em quase 1000 idiomas e no aplicativo oficial, JW Library. No ano passado, mais de 4300 surdos assistiram aos congressos das Testemunhas de Jeová no Brasil.

Palavras de Jeissy Alves:

“As maiores dificuldades para os surdos está na comunicação e na oferta de emprego. Surdo e ouvinte são iguais e devem ter direitos iguais. Minha irmã Jéssica Alves sempre me incentivou e me apoiou dizendo “você é capaz” e “você consegue”. Ela ia na escola exigir meus direitos. Ela me entende e sabe as barreiras. Hoje sou respeitada e tenho meu trabalho.”

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