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Data do dia do leite sem muito o que comemorar

Nós do Sindicato Rural de Iporá Diorama e Israelândia vivemos o Dia do Leite, em primeiro de junho, sem muito o que comemorar da parte do produtor rural, tendo vista as dificuldades de quem produz, nesta data em 2021, quanto no passado, já que sempre foi difícil.

 

Esse produto tão nutritivo e tão importante na mesa do brasileiro, na parte de recompensa para o produtor rural, sempre foi de muita tristeza, já que a recompensa financeira para quem produz é muita pouca. 

 

Quem está ganhando dinheiro em cima do produtor rural são as indústrias laticinistas e outras desta cadeia produtiva que envolve o leite. Uma das marcas de leite mais conhecidas aqui em Goiás, o leite Piracanjuba, está custando na prateleira de supermercado R$ 4,25. Ora, o produtor rural, atualmente, recebe pelo leite apenas um valor inferior a dois reais/litro.  Entre o curral e o supermercado, mais que dobra-se o valor. 

 

Essa diferença entre o leite que sai do curral e o leite que chega no supermercado é grande, uma fatia de lucro dividida entre indústria e supermercadistas. Quanto ao produtor, desde muitos anos, amarga uma situação que sempre foi difícil para dar ao público consumidor este alimento tão importante que tem sua data de homenagem no primeiro de junho. 

 

Em nossa região os problemas do produtor de leite começam com a precária energia elétrica que temos na zona rural, o que faz com que muitos percam leite, com o resfriador sem funcionar por falta da energia elétrica que, às vezes, falta por dias seguidos. Nós do Sindicato Rural deixamos de incentivar os fazendeiros a tomar esse caminho da produção leiteira por esta e tantas outras razões. 

 

Muitos grandes produtores de leite deixaram a atividade. Em Iporá, dentre os grandes, restam poucos. Os pequenos ainda persistem, uma vez que precisam deste lucro que é mensal, embora pouco é significativo para aquele de menor renda. 

 

Enquanto o preço do leite ficou menor, o preço da ração subiu.   E subiu muito. Por que? Porque a soja e o milho, produtos que são a base da ração, subiram muito de preço. Hoje um saco de soja custa mais de 150 reais. O saco de milho chega a custar 100 reais. Não era assim. No ano passado, o produtor comprava um saco de milho por 40 reais. Com isso, o saco de ração para o gado leiteiro está custando 60, 70 ou 80 reais, dependendo da quantidade de proteína. E esse saco de ração só tem 30 quilos. 

 

E estamos falando de litro de leite por preço um pouco menor do que 2 reais, mas é bom dizer que os laticínios não tratam os produtores com igualdade em termos de pagamento no preço do produto. Tem produtor que recebe pouco mais de R$ 1,50 / litro. Os laticínios, empresas que são poucas na região, alegam a questão do frete, tendo em vista que, no caso de produtor menor, desloca-se mais distância, às vezes, em busca de menor quantidade de leite. Neste caso do pequeno, a situação dele ainda é pior. 

 

E essa diferenciação no preço do leite tem a ver também com regras que os laticínios adotaram quanto a qualidade do produto, o que é salutar. Só que são regras que os produtores não entendem bem como funcionam. Não entendem bem porque não estão claras. Quando se entrega o leite, é feito exame no mesmo. E chega-se à qualidade do produto, o que afeta também no preço. Mas não se sabe bem como é que os laticínios definem isto quanto a acidez e outros fatores. São relatórios de difícil compreensão. 

 

Outro a questão a ser colocada: agora com a chegada da estiagem, pastagem pior e menos leite, o preço do produto pode melhorar um pouco, pode melhorar muito ou talvez pouco, porque leite depende de mercado, inclusive, mercado internacional e preços praticado pelos países do Mercosul e as vezes chega leite da Argentina, por exemplo, por preço menor. Neste caso, o produtor não consegue ver preço melhor. 

 

Isto tudo complica o preço do leite, mas o problema maior do momento é o preço da ração que está muito alto e, sem ela, agora na estiagem, como tirar leite em quantidade que justifica o investimento muitas vezes feito em aprimoramento genético de gado? Este período de estiagem será difícil. Os produtores vão gastar muita ração. E com estes preços de ração, a situação do produtor não será boa. 

 

Tivemos alta também da mão de obra e de medicamentos. A partir de 15 de julho a situação será pior. A partir de 15 de julho o produtor terá que dar ração para o gado se quiser produzir leite. E ração para a vaca até para salvar a vida dela. Será uma estiagem difícil. Terá que haver um aumento de preço significativo, se não… 

 

Nessa relação entre produtor e laticínio a desvantagem é muito grande para quem está no meio rural. Até em prazo de pagamento, o laticínio leva vantagem. O pagamento é no dia 25 de cada mês. Portanto, 25 dias após o fechamento do mês de fornecimento de leite. Ora, o leite entregue em um primeiro dia do mês, só se recebe o pagamento dele 55 dias após. Isso também é uma desvantagem para o produtor. Ora, quando o produtor inicia a entrega do leite ainda no começo do mês, ele não sabe o valor que receberá por aquele produto. Só se anuncia o valor do litro de leite na véspera do pagamento. De tal forma, que até nisso é uma aventura. Enquanto se entrega o produto sem saber o preço, por outro lado as contas com rações e outras despesas são feitas em valores definidos. Dessa forma, é difícil para o produtor, fazer um planejamento de sua atividade. Fica-se no escuro quanto a relação despesa/receita.

 

Situação difícil do produtor. Dificuldade de muitos até em ter mão de obra na fazenda, tendo em vista esse êxodo rural cada vez mais frequente. No dia do leite, ficou difícil se alegrar com a data. O bom de tudo isso é só saber que realmente o leite é dos principais alimentos do mundo. Mas quem produz esse alimento precisava realmente ser melhor recompensado.

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