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Eu e a brisa

(Com um carinho todo especial, dedico este conto a todos os meus alunos e ex-alunos da UEG/Iporá)

 

Ali na floresta, tonto de tantos odores, cantos e cores, a encontro. Fazendo festa, tão esbelta, envolvente, transparente, traquinas em fricotes e fantasias; tão feminina; a brisa, em beijos, abraços, afagos, carícias fugidias…

 

Amenidades mil. Arte, manha, ardil do amor. Primor de paixões sem ponderações, dementes, doidas, carentes contundentes colossais! Atroz, veloz , fatalidade? Elo ou cutelo entre desiguais? A solidária brisa e um solitário ser da cidade?

 

O homem e a brisa sempre juntinhos pelos caminhos, abraçados, apaixonados, plenos de felicidade, cheios de carinhos!

 

No dia seguinte, o requinte de um senão. Eu e a brisa na repartição. O incidente, mexendo com a gente: a brisa moleca faz peteca com papéis e documentos. Tudo atirado à tirania de outros ventos…

 

Perder o siso, sustento e trabalho ante a traquinagem e molecagem de minha namorada? O remédio foi aprisioná-la na privada daquele prédio.

 

Mas a brisa preenche meus dias de maravilhas: Suas mãos de santa, seus rumores, reflexos, odores e ecos ecoam carinhos, aconchego, poesia; abre caminhos dentro de mim.

 

Tudo se transforma, transluz, com o brilho de sua bondosa e benfazeja luz.

 

Em casa, quantas delícias! A brisa me beija, me abraça, me amassa e me enlaça; ri, sorri; se satisfaz e se refaz em mimos, meiguices, amenidades comigo: Prêmio, presença plena; odores, rumores sutis, feminis, amores de mulher no cio, sem nexo, reflexo e amplexo positivo; paraíso pleno no vazio de minha vida! Mãos manhosas, macias, suaves no sem juízo dos meus dias! Doce donzela, gazela na flor da idade, manhosa em amenidades. Eu? Pluma em suas mãos! Seus afetos tão diletos, afagos de fada, essência sutil de seu coração?!

 

Às vezes, vazia, vadia, volúvel, a brisa brinca de mulher comigo, na delícia da candura, carinhos mil; ou na bronca e broca de brutalidades; sutil em banalidades e malícias. De repente, antes amena, macia, amada, dada a carícias; fugaz, num zás, foge; fica colérica, elétrica, desaparece, se esquece da gente; depois volta e, na volúpia da saudade, cálida, quente, me morde, me cospe, me come, me ama, fera na cama, me esgana, me consome, numa paixão insana, para depois partir sem se despedir, partindo-me o ser, no auge do querer!

 

Na impertinência e impotência de tanta paixão, a essência da travessa e avessa amiga, o que lhe vai pela cabeça e pelo âmago do ser, nunca vou encontrar. Quiçá na brisa, tão sutil e imprecisa, não exista esse lugar secreto, tão dileto e predileto, ponto elétrico de gozo e de encontro de corações, onde tudo se enlaça e se despedaça na volúpia de imponderáveis paixões.

 

Depois de demoradas escapadas, minha namorada, no bem bom da brincadeira, volátil, vadia, às vezes volta perfumada, bem humorada, apaixonada, bem feminil; em outras tantas, traz tragédias, tiranias, hostilidades: Violenta, barulhenta, berra, bate assovia, chia em queixumes, quebra-quebras, estripulias…

 

Para não vê-la tão volúvel, vadia, inconstante, impertinente, torno-me tirano, violento; trato de tragá-la e aprisioná-la dentro de mim, no movimento de veloz momento. Ela tanta tempestade traz ao meu intestino: tine, troveja, esperneia; grita, anda, volteia, que acaba saindo no susto da velocidade e voracidade de um vento barulhento, feroz, fedorento!

 

Penso em botá-la num balão para ir-se e sumir-se na amplidão, na imensidade… E depois? A dor da saudade, o coração? Não seria solução para um apaixonado que quer o objeto de seu afeto sempre a seu lado. Aprisiono-a então num aparelho de ar condicionado, para vê-la inteira, faceira, amena, serena, bela, sem querelas, escapadelas e cuidados e sempre tê-la só quando eu queira.

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