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Lei de cotas pode ser uma incorreta separação entre ricos e pobres

Nos dias 08 e 09 de Novembro foram realizadas as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), das quais participaram cerca de 2,4 milhões de candidatos. Com o fim do semestre e os vestibulares que também acontecem por todo o Brasil, uma questão volta a tomar espaço nos debates atuais: as cotas e sua eficácia no ensino. A chamada Lei de Cotas, sancionada em 2013 pela presidente Dilma Rousseff, estabeleceu que uma em cada duas vagas nas universidades federais estaria reservada para egressos do ensino público, negros índios e pardos. Isso significa que alunos que cursaram o ensino médio em escolas públicas têm direito a 120 mil das 240 mil vagas disponíveis nas federais, sendo que esse número é distribuído segundo a cor da pele ou a autodeclarada etnia do candidato.

               

Infelizmente, a visão generalizante do sistema de cotas considera que todos os estudantes de escola particular são ricos, e os de escola pública são pobres, fato este que não pode ser aplicado a todos os alunos; em muitos casos, os pais se esforçam e fazem até sacrifícios para que seu filho tenha uma educação melhor. Da mesma forma, jovens vindos de famílias mais favorecidas economicamente também passam para a escola pública em busca de facilidade no sistema, e a lei só tem estimulado para que isso aconteça cada vez mais.

 

Essa migração de alunos de escolas particulares para públicas, em razão dos benefícios oferecidos aos cotistas, também representa um problema. O governo já mostrou não estar preparado para abrigar um contingente tão grande em suas escolas, e isso só faz o ensino público mais precário, o que reflete, também, na qualidade das universidades e no posterior desempenho dos estudantes nas federais.

 

É preciso, além disso, considerar certos aspectos em um futuro mais distante: o preconceito, daqui a alguns anos, pode ser adiado para o mercado de trabalho. Se os cotistas representam a parte mais mal preparada da classe, eles, certamente, serão desfavorecidos ao procurar um emprego, e até vistos como profissionais menos capacitados. Uma empresa, por exemplo, pode usar essa lógica a favor do não cotista para desempatar a disputa entre funcionários por um cargo.

 

Como o governo alegou na época da criação da lei, algo deve ser feito para corrigir as deficiências nas universidades, que apresentam a maioria de suas vagas preenchidas por ricos e brancos, mas esse não é o caminho certo. É impossível construir mais andares em um edifício sem antes reforçar sua estrutura de base. Da mesma forma, deve-se investir no ensino fundamental básico das escolas públicas, que é o pilar de todo o aprendizado, para depois melhorar a qualidade das federais.

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